22:54

Sedenta

Tocar era tudo em minha sede sem fim
Porque um dia embriaguei-me
Com incontáveis beijos...
Vassala enlouquecida
Mulher nua, sedenta
Órgãos já não obedecem meu comando
Eles próprios gritam e tudo se comprime
Exalam ferozmente e involuntariamente
Bêbados de tanto querer
Pudores não respondem, dogmas mortos
E eles nem existem, não haveriam de aparecer agora
Não reconhecem tais palavras
O instinto apenas servi-me

22:51

O vazio que transborda...

Devo valer a mim mais e por vezes
Porém, vago entre ruas, pontes, praças
Colcha de retalhos rasgada
Fragmentos de mim espalhados por todos os lugares
Encostam-se pessoas que parecem perceber afinal
Coisas em um emaranhado
Alguém em algum lugar compreende meu abismo
Talvez a poesia apareça agora e me facilite vomitar
Devorada pelo instante de um olhar...
Vivendo por viver...
Será que não é oferecido a todos o estado de audição do ser?
Calem-se todos...
Só o caminho que me leva o porquê eu não sei, mas quero ir
E quero e te quero